sexta-feira, 7 de junho de 2013

Papai de quem?

Minha filha de quase 3 anos, há mais ou menos 6 meses,  começou a chamar o pai pelo seu nome ao invés de "papai". Por outro lado, quando estamos conversando entre nós, mãe e filha, ela se refere a ele como "papai". O Papai dela é presente e acredito ter um relacionamento saudável com a filha. De onde será que vem essa preferência de chamá-lo pelo nome? ' Esta interessante pergunta nos é formulada pela leitora que relata a situação.

Muitas crianças, nesse momento da vida, têm o mesmo comportamento da menininha da história: referem-se às figuras dos pais das duas formas, mostrando saber que ambas são pertinentes para nomeá-los. Ocorre-nos que, quando chamam o pai ou a mãe usando seus nomes próprios, utilizam as mesmas  denominações que o casal ao chamar um ao outro. Quando fazem isso os pequenos aparentemente deixam a posição de filhos para se colocarem nos lugares dos adultos, imitando a linguagem deles.

Trata-se do momento em que a criança se vislumbra já crescida, imagina-se na geração dos pais e exercita essa antecipação de muitas maneiras: encenando, imitando, usando as roupas, repetindo palavras...Esse faz de conta, esse jogo, não está necessariamente relacionado à ausência de um dos genitores, mas sim ao desejo de crescer. Entretanto, tudo ainda é para ela um grande mistério, não consegue entender bem o que determina a diferença do relacionamento entre os três. Haverá, portanto, uma grande investigação, onde várias hipóteses serão levantadas.

Ao longo do processo, necessário para a constituição de sua personalidade, ela sairá desse engodo em que se imagina participando do triângulo na mesma posição que os pais. Na adolescência, o caminho deverá culminar com a possibilidade  de compor outro casal...

Para criancinhas que estão nesse momento de 'pesquisa', brincadeiras sobre as várias posições na família podem ser interessantes. O papai   não é papai da mamãe; os avós sim, são  os pais do papai e da mamãe, mas o pai da mamãe, não é o pai do papai..

Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/


Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br

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