terça-feira, 31 de julho de 2012

O que fazer com o tédio dos filhos?


'Mãe, posso ver televisão?', pergunta Tati,  menininha de 10 anos, em tom de aborrecimento. A mãe, com convicção, responde: 'Não, você já viu mais de 1 hora de TV hoje'. 'Mas eu não tenho nada prá fazer!', retruca a garota lamuriosa. E a mãe, voltando ao que estava fazendo, diz: 'Filha, o tédio faz parte da vida!'. Após alguns minutos, Tati reencontra uns bonecos que estavam esquecidos num canto e inicia com eles uma atividade que desperta seu interesse e a diverte...
As crianças costumam se dirigir aos adultos com essa queixa: 'não tenho nada prá fazer'. Geralmente, nesse momento se inicia uma sequência de sugestões do tipo 'que tal fazer isso, que tal fazer aquilo', e o mais comum é que  todas sejam  rejeitadas pela criança. A situação tende a ficar tensa, com os pais irritados e filhos cada vez mais insatisfeitos.
A reação da mãe de Tati é supreendente. Ela não se coloca na posição de quem é responsável por resolver o aborrecimento da filha. Dizendo que o incômodo faz parte da vida, mostra à garota  aceitação do sentimento que a perturba. Dessa maneira transmite a mensagem de que não é necessário que esse estado seja imediatamente eliminado. A tolerância por parte do adulto contribui para que a criança possa encontrar os próprios caminhos. No nosso exemplo, a garotinha assumiu a direção, fez a escolha e certamente desenvolveu sua capacidade criativa. Isso  não teria acontecido se a mãe tivesse acreditado que poderia lhe 'facilitar a vida'...
A cena mostra também como a televisão pode ser nociva quando utilizada para afastar a criança do contato com dificuldades que são, como falou essa mãe, parte da vida. A anestesia e o torpor que a menina procurava na tela teriam causado no seu dia um empobrecimento lamentável.

Você já observou como seu filho enfrenta situações de tédio? Poderia de nos contar como você reage?

Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/

Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/

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